terça-feira, janeiro 31

vale.tudo

Inspirado em um texto bastante instrutivo junto com uma discussão acalorada no trabalho, e a falta completa de assunto para escrever, apelo para uma lista [listas são sempre um coringa]:

vale a pena desperdiçar um fim de semana para dormir? sim, ainda mais se está chovendo.
vale a pena economizar alguns trocados e almoçar por R$2,00 no dogão? não, só se o banco implorar.
vale a pena dar uma escapulida e pegar uma baladinha escondido do conjuge? sim, desde que você faça bem feito.
vale a pena investigar a vida de pessoas no orkut? sim! você não imagina a quantidade de coisa que você pode descobrir.
vale a pena falar o que as pessoas querem ouvir apenas para pararem de te encher? não. elas vão pedir mais e teu bode só vai aumentar [essa lição eu ainda nao aprendi]
vale a pena tomar uma cerveja em casa antes de ir para a balada? sim, você fica no pique e gasta um pouquinho menos lá [hoje o lado mão-de-vaca tá forte. será o fim do mês?]
vale a pena tomar 3 wodkas antes de ir para a balada? não. você ja chega alterado enquanto está todo mundo normal, e pode acabar a noite nas página policiais - ou no IML.
vale a pena pegar filme pornô emprestado? não. se te emprestam é porque ele não presta.
vale a pena deixar pretês em banho-maria? sim, você nunca sabe quando pode precisar.
vale a pena pegar temas emprestados de outros blogs? não, teu texto sempre vai ser uma porcaria perto dos outros.


segunda-feira, janeiro 30

cu.doce

Eu sou tímido por natureza, e além disso sou fiel e tranqüilo em relação a sexo. Sempre fui. Acho até que boa parte da minha vida eu fui é frígido, se é que existe alguma coisa do tipo. Hoje eu sou, digamos, mais animado. Gosto de sexo, pratico com prazer [e segurança] sempre que há oportunidade. Poderia até dizer que este é o esporte que pratico atualmente - não por excesso, mas porque eu não tenho feito mais nada de exercício mesmo.

Mas, estranhamente, a partir do momento em que eu 'descobri' o sexo, parece que minha aura mudou, ou meus feromônios ficaram mais forte, e viraram um Chanel n. 5. Desde então meu mel tem aumentado horrores. Não digo isso por querer enaltecer o meu ego nem nada. É uma contatação pragmática mesmo.

Numa festa há pouco tempo, uma pessoa por quem tenho grande amizade soltou propostas indecorosas privadas para mim. Normal, isso vem acontecendo já ha alguns meses.

Na mesma festa, uma pessoa que eu conhecia apenas virtualmente, iniciou um grande debate sobre a gostosura da minha bunda. Alguém, muito sincero, apenas retrucou: 'que bunda?' Pois é, eu não tenho bunda, admito. Mas a tal pessoa continuou afirmando que admirava a minha bunda e, obviamente, a discussão acabou com um exame físico por parte dos envolvidos dos meus músculos lombares.

Até aí, vá lá. Eis que, no dia seguinte, vêm me contar que uma terceira pessoa, para quem eu tinha sido apresentado naquela data, comentou que queria ser o chiclete que eu mascava na hora. Cantadas em Wando Mode, tô fora!

Eu, puro e casto, me esquivando dos olhares 43 que me deglutiam numa tacada só. Se fosse para escolher... acho que ficaria com a opção número 1. Mas agora não é hora, eu sei. Um dia vai rolar. Por enquanto, estou bastante satisfeito, obrigado, com a minha prática de exercícios físicos. Só queria que, por agora, meu mel ficasse um pouco mais diet, para amenizar um pouco a tentação....

prova.de.amor

Ele acordam. Ainda pelados, semi-cobertos por lençóis leves, na penumbra do quarto.

- Você gosta de mim?
- Claro.
- Claro? Como assim claro?
- Eu gosto de você.
- Quanto você gosta de mim?
- Um monte, um montãozão.
- Você gosta de mim, ou me ama?
- Eu te amo.
- Mas você acabou de falar que só gosta de mim?
- Bufff... eu gosto tanto que amo.
- Gosta tanto que ama? Você nunca me disse que me ama.
- Mas eu acabei de dizer!
- Não acredito. Prova!
- Como você quer que eu prove?
- Não sei. Se você me amasse, saberia.
- Eu te amo tanto que não quero nunca me separar de você.
- Não convenceu.
- Eu te amo tanto... que quero ficar colado a você para sempre.
- Ainda não é suficiente.

Ele, já se saco cheio, levanta-se da cama, vai até a cozinha, abre a geladeira, pega um tubo de Super Bonder, espalha uma boa quantidade do líquido na mão direita e agarra o peito esquerdo dela.

primavera.veräo

Deu no New York Times:

A moda de espinhas na ponta do nariz pegou mesmo.

Você já garantiu a sua?

sexta-feira, janeiro 27

pensamentos.baratos

E mais uma máxima filosófica aparece no momento em que se percebe que se bebeu demais:

"Vagabunda, quando quer dar, veste roupas de puta e vai para a balada.
Vagabunda, quando não quer dar, veste roupas de puta e vai para a balada gay."

Um oferecimento Daspu - Nóis é feia, mais nóis tá na moda e num tem preconceito.

nirvana.paulistano

Um grupo de caras desconhecidas e a expectativa do desconhecido prestes a acontecer. O domínio do caos urbano ascendendo aos pés pouco a pouco. Uma visita longínqua com sotaque de quem se sente bem nesse contexto. Uma música suave contagiosa, e a atenção crescente de corpos largados pela vastidão cada vez mais escura. Sentidos aguçados pelo medo de agredir a suspenção do ar e tempo único. A hora mágica do dia que se esvai e despeja a noite em chuva fina refrescante. Não respiro, não me movo, apenas busco o conforto de uma mão amiga. A luz muda suave, a estática e a estética imperam e os corpos ainda moles e entregues. Lentamente, nada se move, tudo acontece, lentamente. A percepção do tempo que pára enquanto corre. Silêncio, e eu volto. Palmas.

quinta-feira, janeiro 26

surrealidades.etïlicas

O álcool continua sendo o maior causador de argumentações bizarras por metro quadrado de festas animadas. A última não ficou atrás. Mas eu, elegante como sempre, fiz questão de manter a inteligibilidade da conversa para que as besteiras de domingo não evoluíssem para o resto da semana. Afinal, eu bebo mas não beijo (licença poética da máxima 'nóis derrapa mais num breca'):

eu bêbado: esta é a fila do banheiro?
pessoa bêbada: é. você não quer entrar comigo?
eu bêbado: melhor não. por que você quer que eu entre?
pessoa bêbada: vai ser legal. vamos, vai?
eu bêbado: acho que nem é permitido.
pessoa bêbada: mas eu preciso da sua ajuda.
eu bêbado: você não precisa de mim. você está de pé, basta continuar de pé e fazer o que tem que fazer.
pessoa bêbada: ah, mas entra vai? vai ser divertido.
eu bêbado: melhor não. vai, que a sua vez chegou.

Na mesma noite vi essa mesma pessoa tentando beijar cerca de 75% das pessoas do recinto, inclusive a grande maioria das pessoas que estavam comigo.

segunda-feira, janeiro 23

a.perereca.da.vizinha

Minha vizinha é uma pessoa bastante estranha. Mal sai de casa, tem um nível de socialização tendendo a zero, e vive com seus dois cachorro feio e extremamente fedorentos. Mas mais chamativo que isso tudo é a sua maior criação: sua filha.

E põe chamativo nisso. Ela é uma adolescente mais do que típica, com seus conflitos e medos. O que ela tem de extraordinário, e que lhe rendeu o valor de tema de post é que ela parece ter a necessidade de mostrar ao mundo - ou pelo menos ao bairro - todo o drama de sua vida diária.

O discurso segue geralmente o mesmo tema: você não me entende, eu odeio isso, eu odeio aquilo, eu não posso fazer nada do que quero, eu te odeio, eu odeio a minha vida. O ritmo, o volume e o timbre também seguem um padrão ascendente, chegando a oitavas que nem Mariah Carey se arriscaria.

Quem ouve pela primeira vez fica constangido, e sente pena pela coitada. Depois, tendo ouvido ao espetáculo com a monotonia de quem assiste ao horário político meses seguidos, a coisa toda adquire um tom até de sátira. Algo como as piadas do Chavez, que sempre foram idiotas, mas de se repetirem com tanta regularidade, adquirem um tom cômico.

Estranho é ver que a mãe não se abala. Nunca ouvi a voz dela respondendo aos ataques trombônicos da filha. Talvez porque ela saiba que o que torna a vida da filha miserável é uma grande besteira. Todos nós fomos adolescentes e sabemos que é uma fase difícil. Hoje vejo os adolescentes com condescendência, porque todos nós já fomos feios, chatos, mal humorados e mal vestidos como eles. Sorte que crescemos, sorte que criamos caráter [uns mais que outros] e sorte que paramos de desejar suicídio a cada unha quebrada.

Enquanto a minha vizinha não acalma a piriquita, eu tenho quase um 'I Love Lucy' diário entrando pela janela da cozinha.

reza.brava

É incrível como uma coisa tão pequena pode acabar com aquela maldita idéia de que a maré de azar está te arrastando e o mundo conspira contra você.

Obrigado, ó! Santo dos encontros furtivos em almoços sozinhos.

lexotan.please

Fim de semana marcado por nervos saindo pelos poros e estourando veias nas têmporas.

Sabe aquela conversa que você segurou meses, mas chega uma hora que você estora, mas ela não te leva a lugar nenhum?
Sabe aquele programa que você evita anos e anos seguidos, mas que, como bom samaritano você acaba cedendo e parte na mico-journey contando os minutos para acabar?
Sabe aquela angústia que você sente quando os minutos se esgotam rapidamente e você está impotente e ainda tem que contar com a boa vontade do governo e suas obras faraônicas?
Sabe aquele programa imperdível - não de TV - que você programou por algumas semanas e de repente você se vê perdendo-o enquanto é obrigado a assistir o Pânico perseguindo a Cicarelli?

Pois é. Depois de tudo isso, ainda querem que eu não sinta vontade de fazer besteira em plena madrugada de segunda...

quinta-feira, janeiro 19

torö

chuva finalmente

ruas alagadas
trânsito caótico
computadores instáveis
programas adiados
ócio refrescado

respiro aliviado

21.gramas

Hoje ganhei um hamster. Acordei e vi ele, malhado, andando na rodinha dentro da sua gaiola. Minha irmã ainda estava dormindo, e preferi não acordá-la. Queria aproveitar aquele instante em que o bicho seria meu. Logo, eu sabia, ele viria a ser nosso. Acho que desde os meus quatro anos que nós vivemos pedindo para a mamãe um cachorro. Ela fica brava. Sei que ela não quer porque um cachorro gasta muito dinheiro, e nós temos muito pouco. O papai, não. Ele sempre promete que vai nos dar o tão sonhado animal. Todas as vezes que ele volta para casa é a mesma história. Ele promete dar um cachorro, mamãe briga com ele, ele negocia e oferece um hamster. Até hoje isso nunca tinha se concretizado. Mas eu entendo porque. Papai finalmente comprou o bicho porque foi embora. Esta última vez ele ficou quase dois anos na prisão, mas dessa vez ele não merecia. Ele mudou, eu sei. Agora ele vive para Deus, ele sabe fazer o bem. Ele vai à igreja, ele trabalha com o pastor, ele até parou de beber. Mas dessa vez ele não se perdoou, porque matou quase uma família inteira. Acho que a mamãe também não o perdoa. Não por ele ter matado, mas por ele não ter conseguido ficar livre, mesmo sendo religioso. Ela ficou muito triste nesta última vez que ele foi preso. Por isso sei que ele não volta. Rezo a Deus que cuide bem dele, tão bem quanto como eu vou cuidar do meu hamster.

quarta-feira, janeiro 18

acho.que.é.engano

Acho que sou muito acessível. Já fui adicionado no MSN por engano algumas dúzias de vezes. Até tentei conversar com as pessoas desnorteadas, mas o papo nunca fluiu. Mas eu não deixo de me surpreender com os eventos cada vez mais freqüentes - e estranhos - que acontecem em minha vida.

A última tem como palco uma cidade em polvorosa pela vinda de uma banda popular par aum show em um estádio de futebol. Eu, devidamente sentado em frente ao meu computador, já conformado por não poder perder 12 horas ao sol, esperando para gastar uma pequena fortuna, para ver a banda citada, quando toca meu telefone:

- Alô!
- Oi! Onde você está na fila?
- Eu!? Fila!?
- É, você não está na fila? Saiu da fila?
- Olha, eu desisti de entrar na fila assim que vi o tamanho dela....
- Ué? Como assim...? Ai... acho que liguei errado....
- É, provavelmente.
- Desculpe.
- Tchau, bom show.

Pela primeira vez o engano tratava de um assunto que eu conhecia.

terça-feira, janeiro 17

acnase.please

Corre o boato que, no meio social das bactérias causadoras de acne pós-adolescente, a moda agora são as aglomerações purulentas subcutâneas supra-nasais. Eu, que sou quase um fashion-victim, já adotei o estilo, e nas últimas semanas tenho desfilado pelas ruas no melhor estilo Rudolph, a rena do nariz vermelho.

quinta-feira, janeiro 12

depilação.tupiniquim

Alguém muito ocupado fez uma pesquisa sobre o que quer dizer a palavra brazillian, e supreendentemente, pouco se diz sobre nacionalidade, patriotismo, festas, carnaval, futebol, caipirinia, ronalldow, ronalldiniow...

Aparentemente, quando você diz para um estrangeiro que você é brasileiro, ele entende que você é, ou possui, um triângulo de pêlos com cheiro característico de banca de feira, feito artificialmente em salões de beleza, envolvendo entrega e muita dor. Interessante. Sempre fui pouco dado à falsa imagem dos meus patrícios de hospitaleiros, amigáveis e festivos. Para mim, são aproveitadores, estúpidos e presunçosos. Eu, que me considero quase um europeu, estou fora desse paradigma, claro. Mas até aí, chamar brasileiro de vagina é um pouco simplista, não?

Pensando nisso, resolvi jogar minhas conexões nervosas para escanteio e desenvolver um dicionário de nacionalidades, assim, sem pensar. Algo bem empírico mesmo, pondo significados de partes do corpo humano no âmago de cada um desses povos:

americano = bunda-mole
'Eles votaram no Bush. São verdadeiros americanos!'

francês = cu-doce
'Ela fez o francês e disse que não vai à festa por causa do ex.'

japonês = pau-pequeno
'Ela pediu o divórcio porque ele era japonês.'

argentino = nariz empinado
'Depois que ficou rico, virou argentino.'

Bom, a idéia está lançada. O mundo é vasto e o corpo humano tem mais coisas bizarras do que podemos imaginar. Vou consultar a minha Barsa e volto depois com mais.

terça-feira, janeiro 10

polaroïd

como se pastassem como rés enlouquecidas, aqueles se debatem encaixotados na turbulenta noite paulistana. o corpo no compasso e a mente em nirvana, combinados jogam a cabeça para trás para ver atraves dos raios flamejantes para ver um ceu negro sem estrelas, mas que parece poder ser tocado com a mão. o maestro agita os braços longos para aumentar a freqüência dos sinos que soam nos pescoços de vacas gordas em algum lugar dos Alpes, e o gado responde com energia e ovação. música corpo dança suor álcool e olhares lascívos se fundem em um instantâneo que agora levo no meu bolso.

sexta-feira, janeiro 6

control.C.control.V

Depois de mais de uma década sem pesadelos - sim, eu tenho a capacidade de não ter pesadelos - esta semana acordei no melhor estilo "sonhos que nos atormentam a vida toda" dos filmes de Hollywood. Você se assusta, levanta o tronco e passa a mão pela testa para secar o suor. Depois disso, eu não levantei para tomar um café, nem para fazer um telefonema urgente, nem para pegar o carro e ir investigar pastas-arquivo na delegacia. Não sou tão clichê assim. Eu virei e dormi de novo.

Esta noite sonhei primeiro que era cobiçado por um garoto de programa [muito feio, aliás - algo como a Lacraia antes de virar mulher]. Tentava fugir dele, mas ele me seguia e continuava com seu papo 1/2 Dom Juan 1/2 "quer pagar quanto". Escapei. Depois eu estava em um grupo de excursão, algo bem Tia Augusta, com os diferenciais que viajávamos em uma Kombi e a idade média do grupo era algo em torno dos 75. Paramos em um restaurante de beira de estrada, comemos, fomos ao toilette [para isso tivemos que subir uma escada comparável a um rapel] e ganhamos brindes coloridos antes de ir embora. Eu não gostei da cor do meu.

Acordei com o celular e descobri que tudo na vida é referência. Até os sonhos.
E viva o CTRL+XUP!

quinta-feira, janeiro 5

variçöes.do.mesmo.tema

Ainda no assunto "pêlos humanos em lugares onde apenas deveria existir pele":

Quem não tem cão, caça com macaco.

Melhor que ser surdo.

quarta-feira, janeiro 4

máxima.do.amor

Gosto quando as pessoas se deixam levar pelas bolhas encantadas da champagne. Em uma petit comemoration ontem a noite, entre brindes e restos de panetone, as pessoas se soltaram, e quando o assunto evoluiu para possibilidade ou não de se pedir ao recém-namorado para que ele faça uma depilação nas costas - ou simplesmente misturar Depil-Sam no sabonete líquido dele - alguém se ilumina e solta a máxima do amor, que a partir de hoje virou lema de vida:

"Quem ama engole tudo."

E tenho dito.

terça-feira, janeiro 3

campanha.de.vacinação

O ministério da saúde adverte:
O marasmo pode causa ataques de histeria criativa.

Histeria criativa: latim criativitis histericum; Doença crônica desencadeada por tédio acima do nível tolerável de acordo com a OMS [12 horas diárias], que ocasiona comportamento obssesivo voltado para a expressão artística de baixa qualidade; O mal não é contagioso, mas o paciente deve ser tratado com condolência e elogios - mesmo que falsos - para com suas criações; Os primeiros sintomas do surto histérico são o cansaço e a falta de disposição para trabalhar, a febre ociosa e vômito constante de textos em blogs e afins; Casos graves podem levar a manchas [chamadas desenhos] em agendas telefônicas e delírios musicais;
Ainda não há registro de vacina para este mal, visto seu fundo psicossomático, mas o tratamento a base de programas divertidos, férias e viagens tem se mostrado cada vez mais eficaz;

vïva.a.noïte

Três vivas para mim. Em uma noite consegui [quase] completar 3 das minhas 10 metas para o ano:

- Fui ao cinema com amigos
- Li a TPM inteira antes de dormir [ok, não é exatamente um clássico da literatura, mas é divertidíssimo]
- usei fio dental antes de dormir - e hoje estou com a gengiva toda inflamada.

PS: quando crescer quero ser como a Tia Dag.

segunda-feira, janeiro 2

reveïllon

carro cheio de malas prontas e atrasos patológicos que trazem ansiedade e mau humor. conversa de estrada sempre amena relaxa o desgosto urbano. parada rápida nos confins americanos, de carros antigos e hamburguer na grelha, e a chance de sonhar com filme antigo nas curvas do sul da itália, óculos escuros e lenço ao vento. letargias frugais levam a conjecturas astrais sobre o signo de capricórnio.
a noite se encontra com o silêncio e a introspecção que passam a reinar até que o mundo se veja branco e espumante. o dia rasga a pele e derrete filosofias de beira de piscina. a mesa repleta convida ao exagero de quem precisa de um pouco de carinho de mãe. o tempo pára pouco antes do meio-dia no relógio da cozinha, e ninguém tenta fazê-lo passar. a modernidade é subjugada por anões de jardim, o vermelho-alaranjado da pitanga e a falta de decoro do vizinho.
o ano se extingue - assim diz a tevê - e os modernos se fartam da calmaria e fogem rapidamente ao inferno. as chamas queimam os ouvidos e os demônios assustam-nos, crianças ingênuas que acham que já viram de tudo, regressam embaladas por música química que sonha com o futuro. a chuva vem com gosto de tristes despedidas e
velhas rotinas. a casa acolhe mas anuncia uma nova era, ainda esta com barulho e bagunça, mas com a bonança que vem depois de tantas tempestades. é 2006.

minhas.fërias

Como tive uns dias livres do Natal até agora, tive tempo de por o cafofo em ordem, e sempre que se mexe nos entulhos acumulados durante anos no armário corre-se o risco de se encontrar com um monte de lembranças perigosas. Umas a gente queria esquecer, mas elas pipocam vez ou outra na memória trazendo a bile amarga do passado, clara como se fosse ontem. Outras, por levarnos a tempos felizes que o nosso descaso deixa pelo caminho, nos enchem de nostalgia, e essa nos leva à melacolia das comparações entre passado e presente.

Hoje sei que estou mais próximo da pessoa que sempre quis ser - e ainda quero - e no passado sempre fui muito amargurado pela distância gritante entre atos e vontades. Mesmo assim, fui acometido por um turbilhão do segundo tipo de recordações. Desde então, já há uma boa semana, o saudosismo me arrasta e eu me sinto bege.

Algumas pessoas fundamentais tiveram presença marcante nesse fim de ano, e me fizeram mais feliz, mas no geral tenho estado meio catatônico e inerte. Deixei de fazer programas por achar que minha companhia não seria agradável, algo constante antigamente. Até quem me deve atenção anda um tanto blasé comigo. Isso me derruba ainda mais. Ponho a culpa no cansaço, na falta de grana [como se eu fosse o único], mas nada justifica aquela pontinha de descontentamento que fica latejando na minha cabeça supostamente feliz e satisfeita.

Conhecendo-me, sei que isso é necessidade de mudança. Já passei por muitas, radicais. Todas desencadeadas por mim mesmo. Mas agora estou particularmente perdido. Assim gasto uma segunda-feira incrivelmente morosa, com uma chuva besta que me lembra que eu ainda gosto muito da minha cama, aplastado pela melancolia e pela voz suave e envolvente de Hope Sandoval.

domingo, janeiro 1

resoluções.de.início.de.ano

Ameacei por dias escrever uma lista de resoluções de fim [inicio] de ano, mas até agora não consegui. Nunca fui de listas, sempre fui muito consciente do que em apetece, então não sentia necessidade de documentar coisas que nem sempre estão ao nosso alcance. Mas andei vendo um monte de listas jogadas pela net, e resolvi enfrentar o bloqueio. Ei-la:

01. dedicar-me mais ao trabalho: já estou me sentindo estancado e precisando sair do lugar;
02. usar fio dental: me envergonho tanto de assumir isso, mas preciso cuidar mais dos dentes [e da bunda, huahuahua];
03. ler mais: tudo bem, devo ter lido uns 20 livros esse ano, mas acho que posso melhorar;
04. voltar ao cinema: comecei o ano sem opções em cartaz, mas nos últimos 3 meses fui uma negação nesse quisito;
05. ser mais pró-ativo com amizades: tenho me sentido um tanto apagado em relação às amizades, acho que posso ser mais presente;
06. ser mais pró-ativo com música: tenho sugado dicas de música como esponja, mas ainda me acho tão out...;
07. por a mão na massa [literalmente]: esse ano eu vou aprender a cozinhar;
08. praticar atividade física: outdoors, nada de academias;
09. acabar com os vales entre a minha família e eu: minha relação anda de vento em popa, mas ainda existem lacunas a serem preenchidas.
10. encontrar uma fé: depois de anos em um limbo religioso, acho que preciso de um centro.