sexta-feira, fevereiro 24

cërebro.eletrönico

Preguiça é mesmo uma merda, não?

O suejeito já não levanta para mudar o canal da TV, não precisa ir até o telefone para atender, o portão da garagem abre sozinho, ar condicionado já tem controle, tem gente até que instala motores em venezianas e controles de voz na luz da casa.

Ok, viver no século XXI tem suas vantagens, mas isso já é demais! Neguinho agora não gasta energia nem para comer mais. Depois vira um gordo nojento que perde contato visual com os próprios pés e pinto, e não sabe porque.

quinta-feira, fevereiro 23

pop.do.bom

Às vezes um pouco de curiosidade e um monte de vontade de xeretar por aí é recompensado com grandes achados.

Hoje achei o site O Grito! Cultura Pop Sem Contra-Indicação, que fala - e bem - de cinema, música e quadrinhos. E só referência boa: de Bloc Party a Anthony and the Johnsons, de Woody Allen a Harry Potter, Calvin Curtis fala de tudo com desenvoltura e muita informação.

Me chamou atenção principalmente a seleção musical que abrange de tudo que está acontecendo agora, e abrangiu grande parte das coisas que correm no repeat no meu sonzinho: Bloc e Anthony, Clap Your Hands, LDC Soundsystem, Franz, Arcade Fire, Killers, Moby, Interpol, Kaiser Chiefs, Kasabians, mais um monte de coisa boa.

Tem que conferir.

cultura.da.reciclagem

E os americanos não param.

Quando você termina um longo e intenso relacionamento amoroso, que acontece com cartas de amor, fotos abraçados, cartões de presente, poemas de guardanapo? Lixo, certo? Melhor começar a rever o que fazer com esses pequenos tesouros pessoais em acelerada desvalorização. Eles podem virar dinheiro... na mão dos outros.

Agora a onda é a revista Found, que publica mensalmente tudo que é encontrado de minimamente interessante nos lixões do país. Com uma tiragem de cerca de 70 mil exemplares, ela veícula cartas, cartões, fotos, objetos, textos, poemas, tudo que as pessoas descartam levianamente e que podem virar interessantes estudos sociológicos ou apenas arrancar umas boas risadas do público cativo.

A coisa deu tão certo que já saiu até a Dirty Found, um pouco mais ousada, podemos dizer. Esta já chega a impressionantes 25 mil exemplares. Aqui sim tem aquela tua foto usando a calcinha da tua namorada, aquele click no momento da mão na massa [também conhecida como 'pau na boca'] e otras cocitas que eu pelo menos não gostaria de ver na banca ao lado da padaria.

Se pegassem por exemplo minhas cartas de extrato do banco, só isso já renderia uma edição inteira mais engraçada que a falecida Mad. Fotos... não sei se tenho algo comprometedor, tirando, claro, minhas magnânimas fotos da adolescência, com cabelo ruim, calça baggy e tenis de cano alto. Ah, e a camiseta fluorescente da Pakalolo, óbvio.

Vou pesquisar preços de paper shredders e já venho.

o.novo.patriarcado

Estava comentando com a Simone ontem que ela está se tornando machista. Ela ficou horrorisada com meu comentário. Mas é a mais pura verdade. E minha teoria surgiu em resposta a uma das melhores provas que eu poderia ter. Ela, relatando as dificuldades de sua vida sexual/amorosa - e não ao contrário como deveria ser para uma donzela - me solta a pérola:

- Se o Fulaninho mandasse bem, eu nem me incomodaria com o fato de ele não ter papo.

Não, caros amigos, não é aquele famoso clichê de que basta ser bonitinho, porque nem disso o Fulaninho pode se vagloriar. Ele é feio como o cão. Por sorte, Simone é uma pessoa esclarecida, arrojada, visionária, gosta de feinhos. Mas ela elencou em poucos minutos quais de seus casos recentes tinham 'potencial', ou seja, quais ela conseguiria ensinar sua elaborada e misteriosa arte de satisfazer uma mulher. Não era o caso do Fulaninho.

Resumidamente, Fulaninho dá medo aos olhos e é mais chato que o case completo de CDs da Bíblia lida por Cid Moreira, mas se ele acalmasse a bacurinha, Simone encarava. Algo como aquele lenhador do Iowa que taca as botas sujas de merda de cavalo no sofá, puxa o pau meia-bomba por causa da cerveja para fora, e a única frase direcionada à esposa dedicada, loira e siliconada durante o dia é: 'Fica de quatro!'

Daí eu a chamo de machista, e viro vilão da história. Onde foi parar o romantismo, minha gente?

quarta-feira, fevereiro 22

moedinhas.no.chapëu

Segundo o rraurl, saiu hoje uma notícia de que o New Order vem mesmo para o Brasil, em formação de banda - não para discotecar - mas por enquanto só confirmaram show em Porto Alegre.

Por isso, a partir de hoje não gastarei mais de R$2,00 para almoçar, e o resto do dinheiro fica reservado para o avião para o sul. A menos, claro, que vocês queiram fazer uma vaquinha e me dar esse presente.

Não? Ninguém?

rock.e.gol

Recuperando de uma noite orgástica, e procurando substitutos para minhas panturrilhas arriadas depois do show de ontem, resolvi fazer reflexões bestas a respeito de assuntos aleatórios [novidade] relacionados ao U2.

- O telão do Pop Mart já era gigante, mas dessa vez os caras se superaram. Fico imaginando quantos aviões são necessários para carregar aquela 2 bilhões de luzinhas. Não consegui fazer as contas.

- O Bono inventa muita histórinha, fica tentando fazer discursos bestas, e quase sempre se empolga mais do que a platéia a respeito. Ontem acabou hangariando vaias para o querido presidente e de quebra para o respeitoso ministro da cultura. Pelo menos ele conseguiu parte do seu intuito: despertar a mobiliização política de um público apático em relação a esse assunto. Infelizmente para ele, contra sua visão pouco aprofundada da realidade brasileira.

- O tempo é cruel com os homens, mas incrivelmente benevolente com The Edge. Será ele um andróide, ou algo do gênero?

- O segundo show não teve a generosa presença de Katilce no palco, mas contamos com a destemida, expansiva e divertida Desiree, ou Disáiãr, como ela mesma se auto-nomeou. Um espetáculo a parte a forma como ela se encaixou no refrão de uma super-conhecida música cantada em coro. Será ela a Desiree que eu conheço aqui do blog?, me perguntei.

- Em 98, recebemos por aqui o U2 para a tournee do Pop Mart. Também tivemos Rolling Stones com sua Bridges to Babylon. Era ano de copa e amargamos um segundo lugar depois do surto de amarelidão crônica do ex-fenômeno-Domingues-Cicarelli. 2006 é ano de copa, de muita expectativa aliás, mas as coincidências não são promissoras. Afinal, não é todo ano que temos dois ícones da música em nossas humildes terras futebolísticas, ainda mais exatamente esses dois....

terça-feira, fevereiro 21

diversäo.do.dia

Acharam o Orkut da menina que, apesar de fã, não soube cantar um único verso ao lado de seu ídolo Bono vox, mas que conseguiu torrar seu próprio filme em rede nacional se esfregando no mesmo, e roubando-lhe um selinho a la Hebe Camargo.

O scrapbook dela virou simplesmente uma piada.

Bem vinda a fama, Katilce.

segunda-feira, fevereiro 20

a.arte.de.ser.vip

Essa vida de gente chique-rica-elegante não está mesmo fácil. Parece que os pobres coitados que tiveram que se esforçar para ver os lábios tentaculosos do Mick Jagger e receber as cirparadas dos mesmo em suas testas, passaram pela 'pior experiência da vida' ao cruzar pelo meio do povão até a área reservada, cercados de seguranças.

Sorte a nossa, que somos do povão, que temos o privilégio de assistir ao show no meio de um milhão de pessoas, sem acesso a bebidas, banheiros, ou mesmo ar para respirar, mas não temos que ser humilhados de forma tão vil. É, ser VIP é uma arte nesse país. Coitados....

devaneios.de.domingo.a.noite

Cuidado! Reservei esse espaço para alertar para os perigos de uma combinação perigosa que pode ter efeitos surpreendentes sobre o discernimento de pessoas aparentemente normais. Os vilões são:

ÁLCOOL & CARÊNCIA

Separados estes elementos não oferecem muitos riscos pois hoje já são praticamente corriqueiros, quase obrigátorios para a sociedade. Vamos falar a verdade: quem não bebe é mal visto; E quem não é carente é muito sortudo - ou idiota mesmo.

Agora, quando juntamos a fome com a vontade de comer, ou seja, afogamos nossa carência com litros e mais litros de OH, somos capazes das coisas mais impensáveis por um pouco de conforto. O ministério da saúde adverte e sugere que, se você estiver carente, vá comer sorvete, e deixa as garrafas para um outro dia.

Nota do autor: caso queira mesmo tomar o coquetel molotov, certifique-se de estar com uma pessoa de extrema confiança, e transforme isso em segredo. E nunca fale a respeito disso num blog.

sexta-feira, fevereiro 17

castidade.e.sinceridade

Mais uma vez, eu lindo, loiro, puro e casto, no mesmo lugar, sou obrigado a encarar um diálogo bizarro de alguém que não sabe bem o que quer - ou pelo menos não sabe como conseguir.

Pessoa X: Você está com algum deles? [aponta para um casal de amigos meus]
Eu sorridente: Não, não! São só amigos.
Pessoa X: Você não fica com nenhum deles?
Eu sorridente: Não. São só amigos mesmo.
Pessoa X: Mas você fica com meninas ou meninos?
Eu sorridente: Hoje com nenhum dos dois. Estou solteiro apenas por esta noite.
Pessoa X enfadada: Tá!

E vai embora.
E eu fico de cara.

Será que fui rude apesar do meu sorriso Colgate? Será que apenas por eu dizer que não tenho interesse em beijar, as pessoa não pode sequer dizer seu nome? Será que a [tentativa de] cantada foi mesmo uma porcaria, e eu devia é mandar tomar no cu de vez? Logo eu que sou tão amigável.... tsc tsc.

quinta-feira, fevereiro 16

zorra.azul

Este blog está cada dia mais tratando de temas absolutamente inúteis e descartáveis, algo como qualquer comentário sobre qualquer tema que o Jô Soares faz. Mas ando assim, de olho nos detalhes mais tolos atrás de alguma explicação para o sentido da vida, ou alguma idéia genial que faça meu banco me ligar para agradecer por não ter desisitido deles, mesmo com as taxas mais apelativas que as pegadinhas do João Kléber [por favor, alguém me dê um tapa na cara se eu fizer mais alguma alusão à podridão televisiva brasileira].

Essa constatação se deu no momento em que eu estacionei 3 quarteirões antes do lugar onde ia, porque já previa que aquela seria a última vaga antes do meu destino, e que seu eu não parasse lá, ficaria dando voltas pelo bairro pelos 30 minutos seguintes até desistir e pagar um estacionamento. Na hora o tema virou post na minha cabeça, enquanto eu caminhava até o local da reunião, e passava por um pequeno desfile de vagas deslumbrantes - e muito mais próximas.

Vagas abundantes, com sombras magníficas, com balizas amplas e aconchegantes, sem guardadores opressores para ameaçar a pobre e suja pintura do meu carro, caso eu não 'desse uma pequena ajuda' pela sua colaboração. Era o paraíso escorrendo entre meus dedos, enquanto meu carro derretia ao sol, sob os olhos vigilantes de um moço com colete laranja e um prego na mão, três quarteirões para trás. Murphy ainda fez o pequeno favor de pedir que alguém tirasse seus carro bem em frente ao prédio da reunião diante de meus olhos suplicantes. Detalhes que fazem a nossa vida cada dia um pouco menos colorida.

Ok, ok, eu sou apressado, neurótico, ansioso, um monte de coisas [e sempre admito meus maiores podres nesse tópicos inúteis. Será auto-terapia?] Mas sejamos francos. A situação em São Paulo está de tal forma caótica que neguinho agora estaciona quando vê vaga apenas pelo prazer de encontrar uma vaga. Tipo programa familiar de domigo: 'Filhos, vamos dar umas voltas por aí para achar uma vaga para estacionar na rua. Quero mostrar a vocês como funcionava o trânsito na minha época'.

Parar na rua agora é vintage. Logo logo a moda vai ser alugar uma vaga na rua só para estacionar na hora da balada. Claro que só vai poder fazer isso quem puder pagar, e caro. Tudo que é fashion tem que ser caro, porque barato é brega. Daí vai ser aquele monte de jogador de futebol e ator da Malhação [SLAP!] soltando cheque para neguinho de colete laranja, para guardar as Ferraris vermelho-sangue-de-dinamarquês [também está na moda] enquanto a Caras fotografa as matérias em plena via pública. Chegas de fotos de festa, né?

Se a profecia se concretizar, eu vou ter que começar a abrir a carteira para pagar relutante a estacionamento. Se bem que, estando fora de moda, os estacionamentos vão ter que abaixar os preços para não perder clientela, e aí eu não vou machucar tanto minha índole Madre Teresa do Tostão Furado. Isso se o mundo não chegar no buraco antes, né?

sexta-feira, fevereiro 10

super.estar

Tudo bem, eu confesso. Talvez por andar numa fase um pouco turbulenta, tenho me refugiado em distrações fáceis e risíveis como a TV. Há uns dois anos assinei minha carta de euforria, e dei-lhe um pé na bunda ao digníssimo e falecido Sr. Marinho, e desliguei de vez minha linda e prateada TV a cores [lembra quando isso era um sonho inalcançável?] Mas essa semana me dei ao luxo de me dominar pela futilidade cultural e pesquei detalhes no mínimo interessantes da degradação do ser humano.

Depois de uma rápida escorregadela pelo BBB [comentários pejorativos aqui ficam a cargo do leitor] e das simbioses musicais citadas anteriormente, acabei por me deleitar com a espinafração pública de pessoas idiotas em American Idol. Que os americanos são os maiores cretinos do planeta, isso já é sabido. Agora, que eles agora entraram no mercado de 'stupidity inc.' é uma novidade deliciosa. Até a burrice e a falta de auto-crítica agora virou fonte de renda.

Primeiro vemos um bailarino em botas de cowboy [feitas para dançar, tanto quanto para andar]. Essa onda de Brokeback Mountain ainda pega. O sujeito desmunheca, abre espacate, faz a Nadia Comaneci, e na hora que abre a boca.... Corro para pegar meus protetores de ouvido.

Uma outra revela toda sua idolatria à jurada Paula Abdul, mostra seus desenhos da cantora feitos ao longo da vida, ainda veste-se e chama-se com a própria. Depois de relinchar despudoradamente no teste e ser rechaçada pela xará, a moça adquire um viés demoníaco e só falta fazer um vodu com a pobre jurada.

Alguns bons, alguns ruins, muitos muito ruins, eis que vemos uma menina, coitada, inocente e sonhadora. Ela tem certeza que ela é a próxima estrela da música americana. Por que? 'Porque eu posso ser, tipo, a pessoa mais famosa da America' Ou seja, razões ela tem de sobra, quase um doutorado a respeito, a oratória eu nem vou comentar. Devo dizer, em muitos aspectos, a querida se assemelha ao gaulês Obelix: um barril de sarja vermelho vestido até as gordas axilas e duas longas trancinhas de cabelos descoloridos [e mal cuidados] descendo do topo de sua testa.

Pois ela chega, convencida e espirituosa, à frente dos rígidos jurados, para deleitarnos com uma interpretação pós-pós-moderna de Ain't no mountain high enough. Tão pós-pós que ela quase perde o sentido musical e se alonga por uma única e desafinada nota. Destruída, ela sai furiosa, tenta bater a porta para mostrar sua indignação [a porta, por ter mola, não chega nem perto de fazer ruído] e se joga em um choro infantil no colo da mãe. Eu daria um soco na mãe por ser tão cara-de-pau a ponto de insentivar a filha a passar por tamanho ridículo. Espetáculos da vida, minha gente.

Sim, eu tenho coração mole e sinto uma ponta de pena pelas pessoas que saem com os corações partidos daquele matadouro. Mas eu mesmo tempo me pergunto como uma pessoa como muitas daquelas, se olham no espelho de manhã, desafinam horrores no banheiro, e dizem para si mesmas: hoje eu vou para a TV nacional e vou ser um sucesso! Eu, que sou cético, ateu e cínico, gosto de como eu canto. Mas daí a me arriscar a cantar na frente de pessoas, dependo de alguns itens:

- um karaokê bem vagabundo
- pessoas pagando mico junto a mim
- álcool
- álcool
- mais álcool.

Como se pode ver, eu não incluo nos meus maiores disparates musicais nenhuma câmera de TV, nenhum astro do mundo pop do começo dos anos 90, nem uma linha telefônica exclusiva para a minha execração pública. Talvez o ingênuo seja eu, porque se me lembro bem, um certo coreano de uma versão anterior, depois de uma antológica e performática apresentação de uma música do Ricki Martin, gravou um CD e fez uma tourneé pelo país dos 15 minutos de fama.

Estaria eu perdendo a minha oportunidade?

quinta-feira, fevereiro 9

näo.tem.preço

Em tempo:

Beyoncé Knowles era negra, cantava hip hop e tinha um corpão.
Alisou os cabelos, pintou de loiro, evolui musicalmente para o pop rameiro e virou uma nuvem de banha.

Mariah Carey era branca, cantava pop e tinha um corpão.
Alisou os cabelos, pintou de loiro, evoluiu musicalmente para um hip hop rameiro e virou uma nuvem de banha.

Como se pode ver, tudo na vida tem substituição.

PS de novo: Mary J. Blige é emoção pura cantando. Chorei.

decadence.avec.elegance

Deu no Blue Bus: o restaurante mais elegante e refinado de São Paulo, o glamouroso Leopolldina, que fica nas dependências do complexo de compras [porque shopping center é cafona] mais cool-fashion-rich-hype-wow-três-vivas-vai-toma-no-meio-do-olho-do-cu, a Daslu, agora aceita o pagamento das refeições com vale refeição.

Parece que D. Eliana Tranqueira está enrolada depois do escândalo da Dasla[dras]. A crise já acometeu até o maior polo de rinhas de galo entre sobrenomes falidos e nouveau riches da rive gauche do Pinheiros. Depois da onda dos 'tiques' na hora da bóia, daqui a pouco os Mendes Caldeira vão pagar os R$30,00 de estacionamento com vale transporte, e porque não, pedir desconto nas compras apresentando carteirinha de estudante falsificada.

Já estou até vendo: American Express Junior. É crédito, e te dá descontos na fila para comprar ingresso do show do U2, basta esperar 14 horas. Luxo puro. Esse povo é tão chique que sabe fazer dinheiro até para pechinchar. Afinal, ser chique não é só ter dinheiro. É saber usá-lo.

PS: Post escrito em momento de ódio à vida moderna. Vou contar as minhas moedas e já volto [ao normal].

quarta-feira, fevereiro 8

sem.tïtulo

dormindo a base de óleo de fígado de maracujá
vivendo a base de um fio de azeite de esperança
difícil escrever nesses dias
desculpe mais uma vez

terça-feira, fevereiro 7

preciso.de.um.tempo

inspira

expira

inspira

expira

sexta-feira, fevereiro 3

eu.e.meus.eus

Encontro sorrateiro com a Simone ontem, regado a tulipas de cerveja e confissões das mais ínitmas possíveis. Descobri que a intimidade é uma merda. Não porque você se sente no direito de descarregar suas flatulências na frente dos outros, nem porque você fica sujeito a ouvir que engordou e que a culpa é tua e somente tua, assim, de graça.

A intimidade é uma merda porque você se vê obrigado a destrinchar todos os matizes da podridão negra que se desenvolve em algum canto remoto do seu ego. E mesmo o mais cínico, como eu, por não se ver obrigado a nada, sente uma dilacerante vontade de expor seu lado negro à pessoa mais íntima. Talvez esse seja o único caso clínico de cura através da língua nos dentes.

As garrafas vinham e iam, os dois cada vez mais sintéticos [obrigado, mari pepper] e uma chuva de lama moral de despejava na mesa coberta de risadas histéricas dos desavergonhados da noite. Infelizmente são coisas irrepetíveis, ainda mais assim, abertamente. Quando eu ficar íntimo eu conto, ok?

A conclusão que chegamos é que o mais divertido dessas atividades secretas é a criação de alter-egos para que nos acobertemos atrás de uma personalidade inexistente. Eu confesso, já desfilei com nomes falsos pelo submundo de outras cidades, tenho profile falso no Orkut, um MSN correspondente a esse - mas que anda há um tempo destivado - e ja tive blogs com codinomes mais bizarros possíveis.

A grande diversão está em ser o que se quer, não o que se é. Quem eu sou, fisica e profissionalmente? Do que eu gosto? Onde moro e onde morei? Agora sou Pasqual, um pai de família entendiado procurando amigos para montar uma turma de swing. Depois sou Bia, uma estudante de jornalismo sem peitos nem celulite, que apesar de estudiosa e santa, quer mesmo é virar modelo, mudar para Paris e se acabar em orgias e gang bangs. Uma hora gosto de doce de figo e torneios de tranca, depois de ecstasy e rappel. E num delete tudo está acabado e eu viro apenas eu.

As vezes me confundo com minhas outras personalidades e acabo confundindo tudo, e inevitavelmente fazendo merda. Porque coisas que você não se permite em sã conciência, você se dá ao luxo por não ser você. E às vezes as coisas se confundem. Algo como um porre de Carnaval. Você não faria aquilo em nenhuma outra época. mas você se permite no Carnaval, e colhe os louros do pe na jaca para o resto da sua vida.

'Oi! Você não é o Ota, que passou o Carnaval em tal lugar?'
'Não, acho que você está me confundindo...'

Sei sei. E quando você cria um personagem tão fantástico, com tantas nuances, tantos detalhes históricos, e quando você vai ver, se confundiu inteiro e é pego na mentira. Isso é comum com alter-egos internéticos. Essa vida virtual permite uma criação de tantos personagens diferentes que troca as estações. Eu tento manter apenas um outro eu de cada vez. Eu branco e eu negro. Ou nem tanto. Não consigo ser a antítese de mim mesmo. Sou muito paradoxal, junto coisas antagônicas para virar o absurdo andante. Eu deveria ser de Gêmeos....

A Simone, por sua vez, é praticamente mais os alter-egos dela do que ela mesma. Uma confusão. Ela sim, ja rodou o mundo com sua lábia maravilhosa, e ela não tropeça num detalhe sequer. Ela quase veste uma personalidade como se fosse um modelito de festa. Depende do dia. Uma coisa meio astral. Freud, ou o Quiroga, explica.

Por hoje fico eu aqui, sozinho comigo mesmo.

Sinceramente,

Ota Nerd

quinta-feira, fevereiro 2

estar.offline

Eu não vicio em cigarro, não vicio em álcool, não tomo café, substâncias ilícitas são cada vez mais raras na minha vida, nunca pisei em um cassino, como pouco chocolate e faço sexo de maneira saudável. Posso dizer que sou uma pessoa normal, certo?

Errado! Como é possível que uma pessoa possa criar vício em MSN??? É inacreditável que alguém supostamente inteligente e centrada possa enlouquecer dessa maneira apenas porque a porcaria do menininho azul que fica aqui no cantinho direito embaixo resolveu estampar um X vermelho na minha tela.

Quanto blogs alguém é capaz de ler em uma tarde ociosa? Quantas vezes é capaz de verificar os novos emails? Quantos logins se pode fazer até o fim do expediente?

Preciso de novos hábitos. Vou filar um cigarro e já volto.

mil.perdöes

Empolgação é uma foda.
Quem vai ler esse texto aqui embaixo inteiro?
Tem que ser muito desocupado.

cïnemateca

Ontem resolvi me recolher a minha própria insignificância e me isolei do mundo. Para isso tive a idéia brilhante de ir até a Blockbuster mais próxima, levei minha continha de luz, fiz minha própria carteirinha - que ainda não está pronta por problemas na máquina - e resolvi fazer minha sessão privê de cinema. Estava feliz da vida, como se tivesse realizado todas as metas de fim de ano, mas os problemas estavam ainda por começar.

Primeiro. Indo e vindo diversas vezes pelas longas paredes do fundo da loja, onde supostamente estavam os 'lançamentos', descobri que dos filmes do primeiro semestre do ano passado 30% não prestam - eu me recuso a assistir 'coisas muito loucas' ou 'coisas do barulho' - e dos 70% restantes, pelo menos 60 eu já vi na telona. Entre os parcos 10 restantes, fiquei na dúvida entre um sulamericano, um americano, e um norueguês.

Deixei o europeu de lado. Considerando a minha situação financeira de fim de mês, e lembrando que o fato de alugar dois filmes de uma vez [a exorbitantes R$8,60!], achei que seria prudente não alugar nada muito monótono, para que eu conseguisse agüentar firme e assistir ambos no mesmo dia, e devolvê-los no dia seguinte pela manhã, recuperando 3 dos meus dinheiros. Assumo, sou um sovina incorrigível. E convenhamos, cinema escandinavo requer um tanto de disposição.

Segundo. Admirado por descobrir que minha carteirinha de estudante me dava direito a alugar um terceiro filme, este das estantes centrais, sem custo adicional, fui eu percorrer o incrível mundo dos filmes empoeirados da grande locadora. Comédia, suspense, drama, poucos filmes, sem qualquer critério de seleção, e na maioria porcarias que todos nós ja vimos em alguma Sessão da Tarde. Fui eu então procurar a parte dos europeus [como meu esnobismo cultural é algo meio recente, lá encontraria mais facilmente algo interessante e não visto] e demorei bastante até constatar que lá o departamento de marketing deve ter quebrado a cabeça para dar nome à sessão sem descartar sulamericanos, asiáticos e africanos - se é que existem esses últimos.

Para a minha surpresa, esta parte vinha com o dúbio nome de 'interesse especial'. Me senti um obeso procurando vídeos de ginástica da Jane Fonda. Ou melhor, um esquisitão procurando um vídeo de anões homossexuais na locadora pornô [esse assunto continua voltando.... por que será?] Enfim, me perguntei se seria muito pernóstico colocar algo mais simples como 'cinema arte'. Ou quem sabe algo mais direto: 'Q.I. acima de 120' ou ainda 'para quem não vê BBB'.

Escolhi um japonês. Paguei, fui para casa, me preparei inteiro para começar a sessão das dez, e curiosamente me senti compelled [a palavra me foge agora] a dar uma 'espiadinha' no BBB. Nunca tinha visto, e naquele momento exato baixei a guarda e resolvi me atualizar no mundo pop. Mordi a língua. Ri de mim mesmo. Apertei play e deixei as bizarrices da TV aberta para trás. E para terminar de me surpreender - ou talvez nem tanto - o americano era muito melhor que o sulamericano.


Não gosto da Blockbuster, mas hoje quase não existem mais videolocadoras comuns, com filmes para todos os gostos. Tem a 2001, com tudo possível e existente. Mas é cara, e eles querem mesmo os assinantes mensais, e meu bolso me limita. Lembro da primeira videolocadora que freqüentei, video mesmo, a Audio [nome curioso]. Aqueles VHS enormes e imundos, que você tinha que rebobinar antes de devolver para não pagar multa - mais uma lei instituída para estimular um mínimo de cidadania nos brasileiros... Lembro-me que as opções eram muito muito escassas, 2 ou 3 cópias de cada. Se você quisesse alugar Indiana Jones assim que era lançado, você tinha que reserver na terça, alugar no sábado, e domingão de manhã ele tinha que estar de volta. Regime espartano de aluguel.

Eu era criança, não queria filmes. Gostava de lá porque era o único lugar que alugava cartuchos de Atari. Delícia. Meus favoritos eram Decathlon, que inevitavelmente acabava gerando bolhas nas palmas das mãos, e um outro, não lembro o nome, em que um dragão engolia a chave da porta, e você tinha que consegui-la para sair. Tudo muito simples, tudo muito tosco, muito divertido. Saudades da Audio....