quarta-feira, dezembro 21

programação.da.semana

Ainda em momento "fígado para que te quero":

segunda: happy hour
terça: jantar com amigos beberrões
quarta: festa de fim-de-ano da "firma"
quinta: festa de aniversário
sexta: festa de natal de um amigo
sábado: festa de natal (oficial)

domingo: virar patê

quarta-férias

Queria tanto escrever algo de interessante, mas a cabeça está tão vazia....
Deve ser o álcool.
Quem mandou ter "eventos" todos os dias?
Sorte que hoje é quarta-férias.

terça-feira, dezembro 20

cartinha.ao.papai.noel

Caro Santa Claus,

Sei que o Senhor deve estar bastante ocupado com mais esse fim de ano, afinal é a única época do ano em que o Senhor trabalha. O resto do tempo o Senhor fica aí na Lapônia a toa, passeando no gelo, montando nas suas renas e bolinando a pobre Mamãe Noel, que tenho certeza que se dependesse dela, vocês já estariam aposentados em algum condomínio de idosos em Miami Beach, gastando os dólares em algum caça-níquel. Portanto espero que o Senhor dê a devida atenção à minha carta, principalmente considerando-se que o que eu peço não é nada demais (convenhamos!).

Esse ano fui um exemplo de menino. Trabalhei bastante, me dediquei à família e amigos, paguei meus impostos - pela primeira vez na vida - e todas as vezes que enfiei o pé na jaca, tive a descência de ir embora antes de vomitar no colo de alguém. Fui fiel, apesar de um ou outro beijo roubado quando ninguém olhava, ou seja, se ninguém viu, não houve traição, certo? Tratei a todos como eu gostaria de ser tratado, e prometo que falei mal apenas daqueles que mereciam todo o meu veneno. como você pode ver, o mérito eu tenho. Agora os pedidos:

- Um clone: já me basta ter que trabalhar, arrumar a casa, fazer compras, dirigir... enfim, cuidar da minha vida. Por isso acho que eu mereço um clone meu. Lindo, simpático e inteligente como eu. Posso continuar a cuidar dos itens citados acima, mas daí posso colocá-lo para enfrentar filas de banco, carregar peso, e dar atenção às pessoas carentes - que são cada vez mais numerosas. Se for muito difícil, podemos negociar por umas duas ou três horas a mais no meu dia. O que o Senhor acha?

- Uma cabine de teletransporte: chega dessa história de perder horas e horas no carro abafado, com barbeiros pondo minha vida em risco, e ainda ter que pagar (e caro) por esse "conforto". Uma cabine dessas me facilitaria muito a vida para não perder tempo no trânsito, para poder almoçar em casa todos os dias, e ainda poder dar umas escapadas para Londres, ou Roma, de vez em quando, tipo, todo dia. Nada mal, hein?

- Um bilhete premiado da mega-sena: nem vem com ladainha porque eu sei que você já deu desses para um monte de gente, inclusive uns políticos por aí, que nem foram tão bonzinhos assim. Esse é um presente fácil de arrumar, e com ele, eu até penso em abrir mão dos itens citados acima. Me conteto só com ele. Viu como eu sou uma pessoa suuuuper fácil de lidar?

Muito bem, já disse tudo o que tinha que dizer, estou aguardando uma resposta concreta com a meia pindurada em cima da lareira. Já me decepcionei o suficiente com o Senhor no passado, e por isso dou esta última chance para que nós possamos continuar com uma convivência razoável. Caso contrário, deixo avisado que deixarei de acreditar no Senhor, e ainda farei o possível para destruir a sua credibilidade. (Pensando agora...talvez eu espalhe um boato de que o Senhor não existe...)

Cordialmente,

Otavio Nerd

sexta-feira, dezembro 16

dica.do.dia

A dica do dia vem de uma pessoa provavelmente já experimentou de tudo na vida, porque isso que eu ouvi é realmente muita criatividade para apimentar a relação:

"Boquete com Halls causa arrepios em quem recebe."

Genial.

como.ganhar.a.semana


Para terminar a semana no melhor astral do mundo nada melhor q a receita:

- sol brilhando
- visita surpresa
- paredes laranja
- comida vegan
- conversas íntimas
- companhia maravilhosa

Si, te amo

change.of.mind

Depois de uma gripe violenta, estou finalmente me recuperando, e agora vejo que o que aconteceu comigo não é nada além de stress em cima de stress. Acho tão engraçado eu estar tão estrassado assim e nem perceber.

Como bom adolescente, eu já fui a pessoa mais chata, mal-humorada, mal-amada e infeliz do mundo. Já recebi o Troféu Pedro de Lara de Humor de várias pessoas. Até que um dia eu tive um estalo, sabe aquela coisa que vc sente mas não sabe explicar, e minha cabeça mudou. Deixei de reclamar, parei de perder a cabeça com coisas pequenas, me tornei mais racional em relação aos problemas. Tanto que hoje muitas pessoas me acham o sujeito mais calmo do mundo, que não briga com ninguém, não enche o saco e não dá trabalho.

Mentira. Eu tenho meus dias de Axl Rose, e por sorte eu não sou um rock star qualquer para jogar cadeiras pela janela. Talvez seja o pouco de infantil que restou em mim. Criança chata e mimada. Nesses dias, prefiro me ausentar, porque eu sei que eu sei ser a pessoa mais insuportável da face da Terra, e tenho um dom especial de estragar o humor dos que me cercam. Por isso, geralmente, quando o humor vai embora, eu calo a boca, e falo apenas o absolutamente necessário.

Mas no geral sou racional. Até demais eu diria. Talvez meu gênio sonhador e viajante seja tão forte que eu prefiro guardá-lo para mim, e com o resto do mundo divido meu lado prático, eficiente, rápido. Não me arrependo. Vejo que eu escapo pela tangente facilmente em um monte de situações em que algumas pessoas tropeçam feio.

Eu li uma vez uma frase de alguma escritora, não lembro bem quem, que se aplica integralmente a mim: "Ser racional custa caro. Custa a juventude." Na época, eu já bem avisado de meu lado prático, fui devastado por ela. Sempre me senti maduro demais para minha idade, minha mentalidade e, por que não, minha fisionomia. Muita pessoas acham que sou mais velho exatamente por causa do meu porte.

Para compensar, tenho meus ataques infantilóides. As intempéries citadas acima, e as vezes uns de criança boba mesmo, brincalhona, ridícula. Danço sozinho, canto desafinado para grandes platéias dentro do carro, faço desenhos típicos de art naïf de primeira, pinto e bordo quando ninguém está olhando.

E hoje é um dia especial, porque descobri que essa mudança de cabeça a que eu me propur gerou resultados. Em uma semana complicada, com o estressímetro estourando, eu nem sequer me dei conta q estava tenso. A saúde teve que assumir a responsa de toda essa montanha-russa, mas a mente está mais sã que nunca - dentro dos meu padrões de sanidade. Mudanças de gênios são algo que me interessam, exatamente porque eu acredito nelas. É duro, depende de uma força de vontade absuda, mas quando bem feitas.....

quarta-feira, dezembro 14

momentänea

sessão nostalgia:
"groove is in the heart" é clássico
deee-lite é império

sessão nosta-liga:
"lenços kleenex em dezembro" é uó
chá de lírio é necessidade

segunda-feira, dezembro 12

baseado.em.fatos.reais

cansado de guardar segredos, falar com paredes e buscar terapias, ele construiu uma parede branca virtual de palavras vazias que ninguém lia. histórias dissimuladas de nomes inventados e fatos sonhados apenas para ter como tirar de dentro do peito apertado detalhes sórdidos de uma vida irreal que acontecia em seu subconsciente. estava tudo ali, gente coisas atos boatos gato e sapato, e se alguém se desse ao trabalho de ler o que estava por trás de tudo aquilo, veria que ele nada mais queria do que extravazar a histeria, os medos e alegrias de uma vida vivida pela metade - metade virtual, metade real, onde a linha divisória podia-se apenas imaginar nas vírgulas do que ele escrevia.

amarrando.o.bode

Ando pouco paciente com pessoas carentes e interesseiras.

Uma amiga, que agora eu me pergunto se algum dia chegou a ser realmente amiga, deu demonstrações tão claras dos verdadeiros interesses que ela tem em cada "amizade", que o bode mais uma vez se apoderou de mim e agora eu só consigo ver defeitos nela.

Primeiro que ela me cumprimenta com singelos "ois" enquanto faz grandes festas a um grande amigo meu, que ela conheceu através de mim e que sempre encontra por minha causa. Claro, ele ofereceu uma oportunidade para ela mostrar seu trabalho na empresa dele. Manda emails mil para ele, e se me ligou uma única vez acho que é muito.

Peguei bode, e agora não tem jeito. Já estou achando ela metida, chata e massante. Ela faz questão de mostrar o quanto é amada por todos - mesmo que não o seja - e cada vez mais mostra o poder que tem o seu dinheiro (seu = do seu pai) como se alguém estivesse interessado. Agora ainda ela se julga melhor amiga de um sujeito que é lindo, interessante, inteligente, blá blá blá, e que apesar de ser amigo de todos, descobri que eu não gosto. Ele nunca fala comigo direito, finge que não me conhece.

Assim o bode me arrasta como uma bola de boliche que empurra cada pino para cima de outros dois e assim se cria o efeito em cadeia. Sei que estou exagerando, que ela não é tão ruim quanto eu descrevo, mas agora não estou conseguindo conviver. A Simone, que é até mais amiga dela q eu, também anda de saco cheio dela. Estávamos falando exatamente sobre isso: pessoas com alta manutenção. Tô fora.

Acho que estou azedo demais. Vou chupar uma balinha e ja volto.

quinta-feira, dezembro 8

sincerïdade

As vezes eu me surpreendo com alguns comentários meus:

"Se meu amigo levantasse, eu teria ido até o fim."

espirito.natalino

Com o fim do ano chegam aquelas malditas comemorações. Tod dia tem alguma para ir, e você tem que deixar de lado todos os programas que você realmente quer fazer.

Ao invés de ir no cinema, você tem que encontrar os seus colegas de trabalho, que você já viu ontem, hoje, vai ver amanhã (de ressaca) e no ano que vem tudo continua exatamente como esteve até agora. Se você quer ficar em casa e descansar, sai arrastado para encontrar aqueles amigos da faculdade que você ainda gosta, mas agora encontra uma única vez por ano, e junto nessa época de "confraternizações".

Junto com esses encontros vem aquela enxurrada de perguntas pessoais: que tem feito? está trabalhando? está ganhando dinheiro? está namorando? está ficando careca?... Eu detesto tudo isso. Prefiro encontrar meus amigos numa terça-feira qualquer de junho, contar sobre meu namoro quando me der na telha, e claro, que todos vejam q estou ficando careca, mas que ninguém comente isso na minha frente. E se eu resolver me enganar e fazer aquele famoso empréstimo de cabelo do lado esquerdo dando a volta toda até o lado direito, bezuntando-os com gel Bozzano? A brincadeira já estaria arruinada.

Isso porque nem entrei em detalhes sórdidos sobre a praga que alastra o país na época do Natal: o amigo secreto. Eu sempre tenho o dom de sortear pessoas que não me interessam, não porque não goste ou algo parecido, mas porque não me inspiro a comprar um presente. Logo eu que me empolgo tanto com certos presentes e presenteados, sou obrigado a me mandar a lojas genéricas para comprar algum coringa, aquela porcaria que serve para qualquer um, mas é inútil para todo mundo (algo tipo qualquer coisa da Imaginarium, sabe?)

Nunca vi alguém sair realmente satisfeito de um amigo secreto - exceto as pessoas que eu tiro, obviamente. A verdade é que essa é mais uma canastrice desse povo pobre e festeiro, que não tem onde cair morto, mas não perde um rega-bofe. Agora estou aqui me desdobrando para descobrir como faço para gastar o mínimo possível, já que meu cinto já está no último buraco, e ainda agrado ninguém menos que o copeiro do escritório. Para piorar a situação, justo o copeiro foi substítuido a menos de um mês e eu sei pouca coisa sobre ele além de seu primeiro nome.

Algum dia ainda vou virar o amigo secreto perfeito. Tão perfeito que não me revelarei nunca, vou deixar todos os presenteados chupando o dedo. Sumirei do mapa mesmo, e só dou as caras de novo depois do porre de champagne do reveillon. Acaba, dezembro!!!

terça-feira, dezembro 6

memória.olfativa

Sempre que passo por uma farmácia tenho que abrir um vidro de sabonete líquido verde da Nívea. É uma passagem instantânea para Berlim. Este é o poder da minha imaginação associada ao meu exíguo olfato.

Me arrepio com o cheiro úmido da minha escola.
Minha mãe tem cheiro de travesseiros perfumados.
Frio me lembra orvalho nos pinheiros.
E a minha infância cheira a chuva em asfalto quente.

O teu perfume? É a passagem para o paraíso.
Agência de viagens em frascos de 90ml.

quando.me.sinto.especial

Dia de faxina braba na bagunça do passado traz essas supresinhas luminosas.

Perdido à noite entra pilhas de papéis e caixas, entre tantos outros envelopes coloridos e fechados do mesmo remetente, encontro um sorrateiro escondido que trazia dentro uma pequena barra de ouro... de plástico. Instruções para desbloquea-la e para jogar a minha pobre e velha barra de prata no lixo, cortada ao meio.

Encontrei o pote de ouro no fim do arco-íris.
Me senti especial.
Claro que vou ter que pagar mais caro por isso.

Se eu guardasse meus George Washingtons no colchão, eu não pagaria, mas também eu não encontraria pequenos luxos no meio do meu lixo. ;-)

cantando.e.tossindo

Só digo uma coisa:

Last night a PW saved my life!

Obs: PW = pastilha walda

segunda-feira, dezembro 5

ïmbecilidade.humana

Já dizia o velho sábio Larry Lorenzoni:

"Aniversários são bons para você. Estatísticas mostram que aqueles que têm mais aniversários vivem mais."

Eu mereço ouvir essas coisas em plena segunda?
Ainda mais eu que não sou nada chegado no meu?

Socuerro, El Justiciero, ayudame por favor!

devaneios.morféticos

Enquanto dormia, ouvi meu celular/despertador se desligando. Tentei pensar em formas de ser acordado no hora certa para chegar a tempo no trabalho, mas antes de encontrar a solução adormeci de novo.

Acho que por estar inconformado por a bateria do dito cujo acabar tão rápido - tinha carragado durante toda a noite de sexta para sábado - acabei procurando explicações em meu sonho. E assim foi:

Saindo na minha hora de almoço, fui devolver o AUDI de um amigo - que ele não tem - para a sua namorada e no caminho fui informado que uma operadora de celular - que não é a minha - tinha sido obrigada pela justiça a encerrar suas operações, e por isso seus clientes teriam seus números "desviados" para os de outra operadora.

Supus, obviamente, que meu número tinha sido emprestado a um desses pobres clientes e por isso o meu telefone estava sem número. Não o possuindo, meu celular com certeza não encontraria sinal, e ao procurá-lo teria gasto toda a bateria.

Problema resolvido, levei o carro até a menina, e voltei a pé. O problema agora era que estava em um bairro com muitas ladeiras e, desavisado, acabei em uma rua tão íngreme que era conhecida por ser a única rua do mundo que não se conseguia circular a pé. Descobri isso já a meio caminho do topo, exausto e sem condições de prosseguir, por isso resolvi entrar em um prédio que ali estava.

Desci as escadas do edifício (como eu cheguei no topo?) guiado por um amigo (que até então não existia) até chegarmos ao terceiro andar, quando meu guia me alertou que aquele era o "andar mais feio do mundo". Deixando questões ligadas à bizarrice do Guiness Book de lado, me aventurei a conhecer o suposto andar, e não achei ele tão feio assim, apenas muito entranho. Em um dos apartamentos, que era aberto, não tinha portas ou paredes, percebi que estavam fotografando um ensaio com a Cissa Guimarães para um revista de culinária.

Neste momento, a história do celular me voltou a cabeça e eu, interessado no meu despertador morto, tive ímpetos de saber a hora, e acabei acordando - vinte minutos atrasado.

o.não-desfrute.das.coisas

Sempre que me contam o quanto as pessoas se divertiram em um ou outro evento, eu internamente me corrôo de inveja branca de vontade de ter estado junto. Acho que sempre tive a impressão de que quando eu estou presente as coisas não chegam a realmente acontecer.

Esse fim de semana não foi diferente. Enquanto eu derretia com o calor de uma balada literalmente fervendo, e que acabou em doses cavalares de glicose (não em mim), e depois em uma festa chique-mico com bêbados incovenientes e visões perturbadoras da minha pré-adolescência, alguns amigos se jogavam em uma festa pra lá de moderna e divertida.

Sinto uma felicidade imensa por eles, por ver o quanto eles gostaram, mas ao mesmo tempo eu me martirizo por estar cumprindo agenda em eventos que não me interessam em nada, mas que sempre me sinto obrigado a marcar presença. E nesse meio tempo deixo passar oportunidades incríveis de fazer o que gosto, estar com as pessoas que me fazem bem, ser a pessoa que cada dia mais eu tento ser.

Domingo, então, que deveria ser um dia marcado por conversas de pé de ouvido, carinhos e comemorações, foi um dia de vassoura e pano de chão, sabe como é? Decepção nem começa a descrever esses últimos três dias. Segunda-feira melancólica marcada por resfriado, atrasos, sonhos perturbados (já de praxe) e vontade nenhuma de trabalhar. Quero companhia, conversas, risadas, programas, novidades... Vou escrever para o Papai Noel. Volto em seguida.

sexta-feira, dezembro 2

sexo.e.crïatividade

Parece que pessoas criativas tem mais parceiros sexuais. Eu, que sou criativo e histérico, então, devia ter um sexcut inteiro só para mim. E as sandálias da humildades também.

Por enquanto estou com um único parceiro para esse tipo de atividade.
Dá, e sobra.

Quanto à criatividade? E criei esse blog, não?
Válvula de escape, nada mais. (Risos)

a.morte

Começar um blog é um problema. Difícil encontrar um assunto interessante o suficiente que me faça acreditar que vale a pena dar continuidade a mais esse projeto internético.

Solução: não começar! Ou melhor, começar pelo fim. Por isso a escolha desse tema: a morte

Esta semana estava aí pela cidade com a Vitória em mais uma de nossas conversas intimistas, daquelas que o que é dito morre na boca e ouvidos dos presentes, e entre lamúrias de namorados, dinheiro, família, trabalho, terminamos nosso rendez-vous falando de morte. Já temi a morte, hoje me interesso por ela. Até me divirto um pouco com a relação que as pessoas têm com a única e absoluta verdade da vida.

Não gosto de pensar que devemos esperar algo para "o depois". A morte é o evento culminante de nossa existência. Por que não considerar que ali atingimos o clímax, para depois não precisarmos mais assistir aquela descendente desanimadora que segue qualquer ponto alto? Acabou, acabou. Para os que ficam, bom resto de vida, eu já não sou nada além de memória para os mais nostálgicos.

Já disse para alguns próximos: se eu um dia ficar em estado vegetativo, por favor, sem titubear, press the power button, me deixem em paz. Que coisa mais humilhante ficer largado em uma cama como foco central do sofrimento alheio. Não, não! Desliguemas luzes, dêem um último beijo em meus lábios e adeus. Da mesma forma, também não quero ser enterrado. A cidade já está bastante ocupada para a gente continuar largando caixotes de madeira para decomposição em valas coletivas. E mesmo essa história de cremar e espalhar cinzas em lugar significativo me soa esquizofrênico. O cadáver é algo que não consigo estabelecer nenhuma relação com o que ele era quando vivo. Quero que me cremem, varram a poeira como se faz com a sujeira da sala uma vez por semana (ou duas, dependento do teu asseamento), joguem tudo na lata de lixo e pronto. Quer fazer homenagem, põe uma foto minha em cima da lareira, tá bom demais. Mas eu me contento com alguns poucos sorrisos desencadeados pela mera lembrança da minha pessoa.

Pois a Vic me contou que ainda não tinha digerido uma história. Sua avó havia morrido há alguns poucos meses, e diga-se de passagem, uma morte da mais poética e agradável que já ouvi falar. Pois em um evento recenete, lá estava ela com alguns amigos, quando sentiu um certo mal estar e foi até o bar pegar uma água. Nesse intante aparece um ser desconhecido negro de dois metros de músculo e pele lustrosa e diz: "Sei que sua avó morreu, mas não se preocupe porque ela está bem." O ser vira as costas e a deixa desnorteada sozinha.

Ela me disse que ainda não tinha digerido a história, que ainda lhe parecia tudo muito estranho. Eu não. Achei no mínimo fantástico. Lindo, lindo, lindo. Quem me dera receber um telegrama do além desse jeito, e ainda com uma notícia boa! Pois se o além existe mesmo, que ele só me venha mesmo com informações felizes. Chega de desgraça. Sou daqueles que se cruza com um fantasma, vou pelo menos tentar me apresentar e trocar uma idéia com ele.

Nesse meio tempo, vou vivendo achando que o que quero fazer tem que ser feito agora. Para que esperar um possível encarnação para por em prática meus desejos?