sexta-feira, março 31

nos.braços.de.morfeu

Que eu tenho sonhos bizarros diariamente não é nenhuma novidade. Mas às vezes as perturbações chegam a níveis tão absurdos que eu me vejo obrigado a analisar minha saúde mental. Não que eles me façam mal. Na verdade, adoro lembrar meus sonhos no dia segunte, e raramente eles se tornam pesadelos e atrapalham meu sono.

A noite passada foi um desses dias quando eu acordo para procurar o telefone do hospital psiquiátrico:

Eu estava na Faculdade de Farmácia visitando uma amiga estudante que não via há muito tempo. [Detalhe - ela é advogada.] Tudo corria bem até que eu resolvi almoçar minha própria perna. Não em um ato explícito de canibalismo. Eu resolvi remover minha perna esquerda [a pior delas] cuidadosamente e fazer dela um belo ensopado. Esperto o suficiente para não ficar perneta e ter que comprar uma prótese, mas burro o suficiente para ser capaz de enganar a mim mesmo, resolvi comprar uma perna qualquer - num supermercado talvez? - e não desperdiçar uma das poucas que possuo. Confesso que comi bastante bem, e continuei andando normalmente.

Freud tentou desvendar os mistérios dos sonhos, mas sua linha de psicanálise acaba levando todo mundo para o mesmo buraco. Ou você tem paixões reprimidas pela sua mãe, ou pelo seu pai. Os pais sempre são culpados. Não me convence.

Depois começaram aquelas linhas meio profético-astrológicas que publicam enciclopédias de sonhos às baciadas. São tantas versões da mesma coisa que acabaram virando cultura popular. Segundo elas, sonhou que alguém morreu, parabéns! Essa pessoa terá vida loooonga. Sonhou que caiu um dente? Pode comprar teu próprio caixão, você não dura mais que uma semana. Uma versão tupiniquim - e cafona - do também cafona filme 'Ringu - O Chamado'.

Os absurdos são os mais variados: se sonhar com sexo, você quer comer jaca; se sonhar com jaca, você receberá um convite de casamento; sonhou com convite, você tem problemas de vesícula biliar. Isso sim, nem Freud explica. Eu já cansei de procurar explicações para coisas do tipo meu sonho com o Rei e a Rainha Sapo [dois sapos gigantes com coroas douradas], ou da vez que eu dividi uma tigela de Farinha Láctea com a Linda Blair [travestida de 'O Exorcita'] ou então meu passeio no deserto em cima de uma vitrola [ou algo do tipo, eu realmente não sei explicar].

No máximo eu chegaria a conclusão que eu não bato muito bem da cabeça, mas até aí, isso não é lá uma grande novidade.

segunda-feira, março 27

samba.do.crioulo.doido

Enquanto a deputada Angela Guadagnin fazia seus passos do elefantinho corrupto, algo parecido com a 'dança da chuva de dólares na minha conta da Suiça', a imprensa de maior projeção no país preparava, lambendo os beiços, uma retaliação contra o partido do governo, já que a esculhambação está na moda e está usando. Eu só me dei ao trabalho de pensar a respeito, porque tive o [des]prazer de ver ao mesmo tempo ambos os pareceres desses fenômenos midiáticos que são a revista Veja e o programa Fantástico.

A primeira pegou o gancho da completa cara-de-pau da deputada - óleo de peroba nela!, já dizia um ex-pretendente a uma carreira política - e desenvolveu uma longa matéria na sua última edição sobre o que é ou não ético. Não vou nem entrar no mérito sobre o significado da palavra ética, que para mim deveria ser substituído por moral. Mas é extremamente interessante ver como a 'maior revista de cunho jornalístico' do país é engajada na formação de caráter e cultura dessa pobre nação ignorante.

Eles devem ter usado a opinião dos mais conceituados profissionais brasileiros para chegar à conclusão de que não, não é ético jogar bituca de cigarro para fora da janela. [Por favor, vamos ovacionar essa afirmação.] Os estudiosos e jornalistas devem ter ralado um monte para perceber que também não é ético forjar informações do seguro de saúde. Preocupo-me agora com a auto-estima de Platão. A revista promete para as próximas edições uma exclusiva coleção de dicionários ilustrados, com fascículos especiais sobre as cores, os animais e as formas geométricas. Não percam!

Saindo da mídia impressa, vemos que a criatividade pode ser ainda mais estarrecedora no campo audio-visual. O programa da TV Globo, que se gaba das denúncias que sempre fez para buscar uma nação melhor e mais digna, usou seu precioso tempo e seu caro departamento jornalístico para fazer uma análise crítica e estética da evolução, alegoria e fantasia do Carnaval da Sra. Angela. Claro, não faltaram especialistas. O mais importante deles, Carlinhos de Jesus, PhD em samba, sapateado, coreôs & afins. O mestre fez uma rápida esplanação sobre o desenvolvimento da expressão corporal da política aka. filha da puta. Em seguida, o DJ Patife, grande versador sobre batidas de drum'n'bass e política desenvolvimentista mudial, sugeriu que a música ausente na bizarra ceno do Planalto fosse uma tarantella, para que tudo pudesse acabar em pizza. Depois me perguntam porque eu não vejo TV. Roberto Marinho estaria orgulhoso, se não estivesse se revirando em sua cova de luxo classe AAA.

A Simone, preocupada com o marasmo que se acometeu de meu blogue, tinha me sugerido discorrer a respeito da pesquisa que revela que cerca de 17% da população da Inglaterra assumiu trocar de roupas de baixo a cada 3 dias ou mais, e que 10% vira suas cuecas e calcinha do avesso para poderem esticar a ida à lavanderia por alguns dias. É bizarro, é interessante. Muito pano para manga. Mas como se pode ver, a podridão está muito mais perto do que imaginamos. Se dependermos dos políticos/FDPs e os jornalistas/filósofos do Brasil, esse blogue não morre nunca.

PS: Bom estar de volta.

terça-feira, março 21

perdöes

Sem tempo para postar...
... e triste por isso

Assim que puder eu volto, ô se volto.

segunda-feira, março 13

vende.se.um.blogue

Como se pode ver, de acordo com um site especializado associado ao Technorati, meu humilde e dedicado blogue custa a bagatela de ZERO DÓLLARES. Pois é. Eu me dedico para deixá-lo visualmente agradável, facilmente entendível e minimamente interessante, e aparentemente isso não ajudou muito para valorizá-lo.

Resta-me recorrer a artifícios artificiais já consolidados pela famigerada cultura pop televisiva para aumentar o IPOBE - no meu caso, os Georges para vender meu espaço cibernético:

a. Colocar umas mulheres de caráter duvidoso e QI de ostra paralítica rebolando sem ritmo enquanto eu escrevo coisas como NONON NONO ONONONONO, já que ninguém vai entrar aqui para ler mesmo.

b. Definir um tema de dissertação - e para aumentar o valor de mercado, nada melhor do que falar mal de celebs de classe C, D e E, contando todos os podres e malcheirosos fatos inventados sobre todo mundo que almeja ser famoso.

c. Seguir os passos da Veja e do Fantástico e intercalar apenas assuntos que interessem ao público, que dentro de todas as possíveis variações, acabam se resumindo a três:
- as novas dietas para obesos emagrecerem em duas semanas sem perder a saúde
- os avanços da medicina na cura de câncer, AIDS, tuberculose, difteria, malária, dengue, gripe aviária, catapora, aftas, acne, frieiras e dor de cotovelo.
- e o mais interessante e inexplorado de todos: os temíveis tubarões brancos do miolo de mar que nunca ninguém visitou!

d. Lançar um blogue musical, apenas com o que tem de mais lírico e hamonioso despontando nas rádio do Brasil e do mundo: Ruth Lemos Remixed, Neisa a Pantera das Coroas, e o genial Ewerton Assunção.

e. Desencanar, continuar a escrever bobagens, e trabalhar no meio tempo para ganhar dinheiro honestamente.

Agora, que esse blogue não vale nada, não acho que seja uma surpresa. Alguém aí se surpreendeu? Você aí de vestido pink e maquiagem de drag queen, você está surpresa? Você aí que deu uma cochilada e babou na vizinha? Ou você aí no fundo? É! Você que acabou de cutucar o nariz e limpar embaixo da cadeira? Algum de vocês achou um absurdo que esse blogue não valha nem um pacote de biju de cruzamento vencido?

[som de grilos...]

Eu também não.

sexta-feira, março 10

anti.spam

Que me perdoem os amigos blogueiros usuários do UOL, mas aquelas letrinhas tortas e embaralhadas devem estar entre as 10 piores invenções do década. Tenho vontade de jogar o computador pela janela toda vez que o 'g' embaralhado fica com cara de '6' e você perde em um clique o texto que elaborou em 30 minuto. Por que as letrinhas não podem ser bonitinhas, retinhas, em arial 12?

O jeito é dar um CTRL+C básico antes de enviar mesmo.

vizinhança

Hoje entrei munido da minha mais pura inocência na padaria perto de casa. Missão: comprar pão, leite e queijo. Era cedo, eu exalava todo o frescor do meu banho recente e algum inchaço da noite dormida, nem bem nem mal. Cotidianices potecializadas.

Um passo adentro do recinto e uma pessoa desconhecida me fuzila com olhos lascívos e desejantes. Meu corpo muito instintivo percebe o peso de cada olhar a ele dirigido e em frações de segundo as vistas se cruzaram. A pessoa desviou, claro. Essa pessoa estava apoiada no bar, tomava suco e usava roupas próprias para exercícios físicos.

Fui para o canto oposto, onde o cheiro de pão fresco entoxicava mais uma manhã monótona. Ninguém para me atender, eu parado esperando com certo enfado, giro sobre os calcanhares e vejo o mesmo olhar cruzando o ambiente em minha direção. Mais uma encarada desconfortável, elétrica, e mais uma vez saio vitorioso.

A espera por um atendente foi longa, mas observando a tradicional e bizarra decoração do estabelecimento, vejo que acima das cabeças corre uma longa fila de espelhos inclinados em nossas direções, e de lá posso apreciar longamente as muitas secadas que a pessoa dispensou a mim. Ela termina sue café-da-manhã, caminha até o caixa de saída, paga, e no momento exato em que vai sair, eu sei muito bem, e viro para bater cara a cara mais uma vez com seu insistente interesse por mim.

Estou até agora pensando o que a tal pessoa procurava em mim. Teria sido alguma lembrança longíqua que despertara ódio intenso contra este pobre e inocente ser? Lembro-me de Old Boy, e me arrepio. Ou talvez meu perfume e bolsas nos olhos teria ascendido uma libido reprimida que seria gasta na corrida daquela manhã. 'Amor a primeira vista' não me convence, mas 'sexo a primeira vista' sim.

O mais provável é que a passoa provavelmente já me viu em alguma situação comprometedora e me reconheceu, acordando o Leão Lobo que existe em cada um de nós. Mas confesso que se eu estivesse certo na segunda suposição, e tivesse recebido um simples 'oi', acho que não me responsabilizaria pelos meus atos.

Vou fazer uma tocaia na padoca e já volto.

quinta-feira, março 9

fem.zines

Todo homem que se preze já deu aquela sapeada furtiva a uma revista feminina. Seja enquanto espera a moça fazer as unhas no cabeleireiro, na sala de espera do dentista, ou mesmo na casa dos amigos casados - sempre tem uma no topo da pilha te olhando de relance.

A Nova é a mais divertida. Só fala de sexo. Posições para esquentar a relação, posições para chegar ao orgasmo, posições para fazer sozinha, a dois, a três ou a mais. Incrível como as mulheres teorizam o sexo. Na prática poucas usam toda a teoria, e por isso mais e mais assuntos em cada nova edição.

A Claudia só tem moda, cabelos, maquiagem. Um saco.
A Vogue é eclética. Design bacana, fotos lindas, modelos idem, arte cultura,diversão. Gosto.
A TPM é talvez a mais independente. Mulheres malucas tratando de temas estranhos. Gosto muito.

Tem mais um monte, mas são todas genéricas umas das outras. Pouca personalidade. Mas uma coisa sempre traça o fio da meada do mercado editorial voltado para o público feminino: discussões surrealistas sobre homens. Se eles fazem muito sexo, se fazem pouco, se pulam a cerca, se são fiéis demais, se são ogros ou se são semi-viados, elas nunca se satisfazem. E assim elas começam um interessante processo que categorização das espécies.

A última da revista Elle, elaborada e extensa, me deixou intrigado. Homem agora é assim, tem características específicas, comportamentos padrão, público alvo, exemplos nacionais e internacionais. Não são apenas metrossexuais e überssexuais. Agora temos os NewBloke, EmoBoy, Metrogay [mais do mesmo], NovoMachão [existe o velho?], SNAG [ahn?], e o virtuoso [e estapafúrdio] Homem Verdadeiro. Sim, porque todos os outros são falsos, inventados. Invenções de quem? Da própria mídia voltada para o público feminino. Incrível! A revista se contradiz completamente em uma única página.

Aldous Huxley revisitado. Daqui a pouco estaremos todos circulando em cores específicas para que o mulherio desesperado ataque apenas dentro de sua própria laia. Novos machões usam cinza, porque macho não usa cor. Metrogays vão de rosa, claro. Metros usam fendi, porque é tendência e está usando....

Se eu me identifiquei com alguma delas? Não sou tão simples assim, acho.

terça-feira, março 7

das.coisas.que.me.tiram.do.sërio - parte.1

O Brasil é tido como um país de vanguarda no quesito publicidade - assim parece pelas premiações do ramo mundo a fora. Não me considero ninguém para discutir tal assunto, não vou entrar no mérito de discutir coisas como 'Quer pagar quanto?' ou os novos 'Aleluia!'s da Embratel. Me basta apenas aceitar a afirmação acima.

Mas a propaganda brasileira às vezes sim é capaz de me fazer perder a cabeça, e ter vontade de arrancar meus olhos com uma colher para não ficar mais sujeito a esse tipo de abuso psíquico. Isso acontece principalmente no cinema, hoje em dia, já que vejo pouca ou nenhuma TV já há algum tempo. Você está lá trancado na sala esperando por mais meia hora* para ver o filme que você pagou para assistir, conversar você não pode, porque todo mundo escuta o que você fala, e está absolutamente vulnerável à uma intensa e repetitiva tortura chinesa capitalista.

Já não reclamo dos dinheirinhos do Unibanco que, convenhamos, são uma animação de sexta categoria. Também já não acho ruim as pipoquinhas saltitantes que te pedem para desligar o pager antes da sessão. Mas se tem algo que hoje é capaz de destruir o meu humor é a porcaria da propaganda do Cel-Lep.

Para quem ainda não viu, eu explico. Dois sujeitos comuns estão numa lanchonete, um deles vira para a garçonete e pede: "Ahnnnn.... hamburger...." Daí vem o segundo, uma criatura desprezível, com ares de Odete Roitman, faz um pedido a la Meg Ryan em Harry & Sally, destilando seu inglês com o mais fluente sotaque das Guianas. Vejam, o cara é metido, chato, pedante, esnobe, pretencioso e burro. E esta pessoa foi, em algum momento da história, contratada para ser o garoto propaganda de uma escola de inglês.

Todas as vezes que sou obrigado a ver esse pesadelo de 30 segundos, eu faço a mim mesmo as seguintes considerações:

1. Está realmente fácil ganhar dinheiro hoje em dia, eu é que não aprendi.
2. Se o pedido desse cara veio certo, no mínimo a mostarda na verdade é um belo dum escarro do cozinheiro.
3. Se ele estivesse tentando conseguir o telefone da garçonete bonitinha, ela provavelmente virou lésbica.
4. O Cel-Lep agora resolveu ensinar regionalismos. Acho que vou me inscrever em um curso de conversação em jamaicano para cantar as músicas do Bob Marley.
5. A idéia desse filme deve ter sido o trabalho de graduação do estagiário da agência.
6. A agência que fez esse filme está sendo processada pela falência induzida da escola. Se não, deveria.
7. Melhor ver isso que uma missa do Papa... ou um discurso do Lula.
8. Melhor ver isso do que ter as minhas bolas pisoteadas por uma manada de elefantes.

Por sorte temos algumas outras propagandas que compensam. O do Submarino, por exemplo, quase me faz chorar. Pensando bem, eu até gosto daquele celularzinho que as pipocas saltitantes desligam. Mas se eu encontro o cara do Cel-Lep na rua.... chamem meu advogado!

* Infelizmente ficou comprovado por um estudo científico de pesquisa de campo que chegar menos de meia hora antes ao cinema não é algo plausível de uma pessoa sensata, a menos que se queira desenvolver uma artrite reumatóide instantânea na coluna cervical.

oraçäo

Aaaaaaaaah... os milagres.
Saudades de quando eles aconteciam.

Meu gerente do banco que o diga.

Vou furar os olhos da preguiça e ja volto com mais.

sexta-feira, março 3

sïndrome.de.quarta.feira.de.cinzas

Sabe aquela música Sympathique, do Pink Martini, que fala algo como:

Eu não quero mais trabalhar
Eu não quero mais almoçar
Eu quero apenas o ócio
E por isso eu fumo

Então...