segunda-feira, junho 19

hïsteria.coletïva

Todo mundo tem em fases, sejam elas emocionais, financeiras, astrais, familiares, etc. Eu fiz uma viagem emcionante pelo fundo de cada uma delas nos últimos meses e agora entrei na fase do 'pobrema de junta': junta tudo e joga fora [um clichezinho básico para retomar a histeria critaiva.] Trabalho em regime semi-fechado, semi-escravo; romance morno às custas de muito banho maria; cartas e mais cartas do banco fechadas para nem ver o tamanho do buraco; e agora ainda surge das trevas o maior mal que assola a sanidade mental da população tupiniquim:

A Copa do Mundo!!! [Tan-dan-dan!!! Música sinistra ao fundo]

Sim, a Copa é bacana, o mundo confraterniza, tem sempre um bichinho simpático, e a cada edição mais estranho, representando a competição pacífica entre os povos. Até aí OK, eu também sei ter um pouco de empatia e até fingir algum interesse em jogos de futebol televisionados. É que nem carnaval. Ninguém gosta de axé e samba-enredo, ninguém quer se fantasiar que nem bobo, e ninguém gosta de ficar se roçando em um monte de bêbados suados pululantes, mas se não pode-se vencê-los, pegue uma cerveja e brinde.

O que me incomoda na Copa é a histeria coletiva [e nada criativa] que se apossa do brasileiro desavisado, ou seja, 99,73% da população do país [dado de uma pesquisa seríssima, juro!]. Agora, para ser o verdadeiro torcedor da seleção canarinho, não podemos nos contentar com os palhaços de peruca colorida no estádio do país-sede. Nem com a chatice incomensurável do Galvão Bueno. Cornetinhas, canções-tema, blocos inteiros do Jornal Nacional falando sobre a feijoada que algum jogador comeu, rojões que matam metade dos animais da vizinhança de ataque cardíaco, isso tudo é coisa do passado.

Agora a onda é, acima de tudo, a selvageria no trânsito. Nada melhor para demonstrar sua paixão pelo esporte do que mostrar o quanto você precisa chegar até a sua casa para ver a seleção. Neguinho enforca a tarde de trabalho, estica um pouco o almoço, e sai no meio de um trânsito bizarro, para ser sutil, passa em sinal vermelho, fecha cruzamento, corta todo mundo, não dá passagem nem para senhoras idosas com 12 graus de miopia, buzina e xinga quem estiver num raio de 20m do seu veículo, tudo para ver o Cascão chutando uma bola. Um paraíso.

O que mais me diverte é ver o quanto o brasileiro é cafona, e como a Copa é capaz de insuflar os maiores arroubos breguísticos no mais ser discreto. Ruas, muros, vitrines, restaurantes, uniformes, camisetas, gravatas, toalhas na janela, tudo devidamente verdeamarelo que, convenhamos, nem combinam tanto assim. Prefiro muito mais a combinação preto-branco-azul celeste. Fora que metade dos carros resolveram virar corpo consular. Uma bandeirinha de cada lado, só falta a escolta. O meu enjôo com essa demência generalizada só piorou quando eu descobri que haviam até torcedores no MSN, devidamente fantasiados com nicks que juntam simbolozinhos do teclado para formar uma bandeirinha do Brasil. OOOOOhhhhhh, que meigo!

Mal passamos o segundo jogo, e a única experiência boa disso tudo foi constatar que nunca houve um domingo tão silencioso como este último. Um oásis de sons da natureza em pleno centro da cidade. Claro que a minha felicidade durou pouco, porque um alarme de um carro disparou em frente à minha casa, e nao foi desativado até pelo menos o intervalo. Sabe como é, torcedor que é torcedor não pode mudar de posição durante o jogo porque 'pode dar azar'. A-ham!

Bom, é isso. Não tenho mais o que falar, só queria tirar um pouco o pó desse blogue aqui, e tirar um pouco dessa agonia copística do peito. Vou colar um adesivo do PCC no vidro do meu carro e pendurar uma bandeira com a cara da Suzane von Richthofen na minha janela, enquanto penso em algo de realmente útil para escrever.

Sai que é sua, Taffarel!.... Ou é do Dida?